
1.
Introdução
O fluxo de caixa é um instrumento
que possibilita o planejamento e o controle dos recursos
financeiros de uma empresa. Gerencialmente, é indispensável em todo o processo
de tomada de decisões financeiras.
Contextos econômicos modernos de
concorrência de mercado exigem das empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo
indecisões sobre o que fazer com eles. Sabidamente, uma boa gestão dos recursos
financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de giro, promovendo
maiores lucros pela redução principalmente das despesas financeiras e é essa a
finalidade do fluxo de caixa.
Em verdade, a atividade
financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente
de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como proceder aos
ajustes e correções necessários. O objetivo básico da função financeira é
prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os vários
compromissos assumidos e promover a maximização de seus lucros
2.
CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA
Para Assaf Neto e Silva (1997, p.
35) “(...) o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e
saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em
determinado intervalo de tempo”.
O Fluxo de Caixa é indispensável
para uma sinalização dos rumos financeiros dos negócios. Através de sua
elaboração é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa,
determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. Para se manterem em
operação, as empresas devem liquidar corretamente seus
vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo
em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode
determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e
mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações.
A manutenção de saldos de caixa
propicia folga financeira imediata à empresa, revelando melhor capacidade de
pagamento de suas obrigações. Neste posicionamento, a administração não deve
manter suas reservas de caixa em novéis elevados como forma de maximizar a
liquidez. Ao contrário, deve buscar um volume mais adequado de caixa sob pena
de incorrer em custos de oportunidades crescentes. É indispensável que a
empresa avalie criteriosamente o seu ciclo operacional de maneira a sincronizar
as características de sua atividade com o desempenho do caixa.
Os fluxos de caixa costumam
apresentar-se sob diferentes formas: restritos, operacionais e residuais,
podendo ainda relacionar o conjunto das atividades financeiras da empresa
dentro de um sentido amplo, decorrente das operações.
É importante que se avalie também
que limitações de caixa não se constituem em característica exclusiva de
empresas que convivem com prejuízo. Empresas lucrativas podem também apresentar
problemas de caixa como conseqüência do comportamento de seu ciclo operacional.
Por outro lado, problemas de caixa costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de
novos produtos, fases de expansão da atividade, modernização produtiva, etc.
2.1 ABRANGÊNCIA DO FLUXO DE CAIXA
Foi comentado que o fluxo de
caixa descreve as diversas movimentações financeiras da empresa em determinado
período de tempo, e sua administração tem por objetivo preservar uma liquidez
imediata essencial à manutenção das atividades da empresa. Por não incorporar
explicitamente um retorno operacional, seu saldo deve ser o mais baixo possível,
o suficiente para cobrir as várias necessidades associadas aos fluxos de
recebimentos e pagamentos. Deve-se ter em conta que saldos mais reduzidos de
caixa podem provocar, entre outras conseqüências, perdas de descontos
financeiros vantajosos pela incapacidade de efetuar compras a vista junto aos
fornecedores. Por outro lado, posições de mais elevada liquidez imediata, ao
mesmo tempo em que promovem segurança financeira para a empresa, apura maior
custo de oportunidade. Em essência, este é o dilema risco e rentabilidade
presente nas finanças das empresas.
Ao apurar o saldo líquido destes
fluxos monetários, o instrumento do fluxo de caixa permite que se estabeleçam
prognósticos com relação a eventuais sobras ou faltas de recursos, em função do
nível de caixa desejado pela empresa.
O fluxo de caixa não deve ser
enfocado como uma preocupação exclusiva da área financeira. Mais efetivamente
deve haver comprometimento de todos os setores empresariais com os resultados
líquidos de caixa, destacando-se:
- a área de produção, ao
promover alterações nos prazos de fabricação dos produtos, determina novas
alterações nas necessidades de caixa. De forma idêntica, os custos de produção
têm importantes reflexos sobre o caixa;
- as decisões de compras devem
ser tomadas de maneira ajustada com a existência de saldos disponíveis de
caixa. Em outras palavras, deve haver preocupação com relação a sincronização
dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos concedidos para pagamento das
compras com aqueles estabelecidos para recebimento das vendas;
- políticas de cobrança mais
ágeis e eficientes, ao permitirem colocar recursos financeiros mais rapidamente
à disposição da empresa, constituem-se em importante reforço de caixa;
- a área de vendas, junto
com a meta de crescimento da atividade comercial, deve manter um controle mais
próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamentos dos clientes, de
maneira a não pressionar negativamente o fluxo de caixa. Em outras palavras, é
recomendado que toda decisão envolvendo vendas deve ser tomada somente após uma
prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados de caixa (exemplos:
prazo de cobrança, despesas com publicidade e propaganda, etc);
- a área financeira deve
avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento, de forma que os
desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da
empresa.
Uma adequada administração dos
fluxos de caixa pressupõe a obtenção de resultados positivos para a empresa,
devendo ser focalizada como um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor
capacidade de geração de recursos de caixa promove, entre outros benefícios à
empresa, menor necessidade de financiamento dos investimentos em giro,
reduzindo seus custos financeiros.
Dessa forma, o objetivo
fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixa é atribuir maior rapidez
às entradas de caixa em relação aos desembolsos ou, da mesma forma, otimizar a
compatibilizarão entre aposição financeira da empresa e suas obrigações
correntes.
As principais áreas que podem
contribuir para melhor desempenho do fluxo de caixa, acelerando os ingressos ou
retardando os desembolsos, insere-se basicamente nas fases do ciclo
operacional. É sabido que a extensão do ciclo operacional é o fator
determinante das necessidades de recursos do ativo circulante; ele é
administrado através de:
- negociações com fornecedores e
outros credores visando alongar os prazos de pagamento;
- medidas mais eficientes de
valores a receber, sem prejuízo de vendas futuras, objetivando reduzir o volume
de clientes em atraso e inadimplentes;
- decisões tomadas na área com
intuito de diminuir os estoques e incrementar seu giro;
- concessão de descontos
financeiros , sempre que economicamente justificados, na expectativa de redução
dos prazos de recebimentos das vendas etc.
Os sistemas de cobrança, por seu
lado, devem ser avaliados com base em sua facilidade de pagamento e rapidez de
emissão e entrega das faturas/duplicatas aos clientes. A agilidade do sistema
revela-se mais indispensável, ainda, no caso de clientes que pagam somente em
determinados(s) dia(s) do mês, ou que apresentam um processo lento de
pagamento.
De maneira ampla, o fluxo de
caixa é um processo pelo qual uma empresa gera e aplica seus recursos de caixa
determinados pelas várias atividades desenvolvidas. Neste enfoque, ainda, o
fluxo de caixa focaliza a empresa como um todo, tratando das mais diversas
entradas e saídas (movimentações financeiras) de caixa refletida por seus
negócios.
2.2 O FLUXO DE CAIXA E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES DAS EMPRESAS
As altas taxas de inflação e a
excessiva interferência da legislação fiscal no principal sistema de
informações das empresas, que é a contabilidade, impedia a até poucos anos, que
os empresários dessem importância aos dados gerados por esses sistemas.
Enquanto os profissionais da área
contábil faziam grande esforço para gerar números sem distorções inflacionarias
e discutiam o significado de lucro inflacionário, lucro inflacionário realizado,
lucro inflacionário diferido, correção monetária pela legislação societária,
correção integral e outros temas de difícil entendimento para o empresário,
este, sabiamente, refugiava-se em alguns indicadores incompletos, mas
confiáveis, como, por exemplo, quantidade de vendas no mês, o estoque e o
dinheiro disponível.
Estocar mercadorias e adquirir
imobilizado significava proteger-se da inflação. A própria administração
financeira das empresas foi confundida com administração das disponibilidades,
somente. Era muito difícil pensar em investimentos que envolviam o longo prazo,
já que o longo prazo da época era de 30 dias.
Com a inflação debelada, ela
deixou de ser um aspecto relevante. Isto permite o uso da moeda real para a
apresentação das contas das empresas.
A interferência da legislação
fiscal no principal sistema de informações das empresas, a contabilidade, é um
problema mundial, que se apresenta de modo mais acentuado no Brasil.
As empresas buscam resolver esse
problema de várias formas. Algumas mantêm registros paralelos à contabilidade
oficial para obter informações gerenciais pelo regime de competência,
eliminando parte das distorções causadas pela legislação fiscal. É um trabalho
difícil e nem sempre satisfatório, pois de um lado temos o contador e o
advogado tributarista trabalhando 365 dias por ano para fazer o planejamento
tributário de modo a pagar menos impostos, e, de outro, algumas poucas horas
para gerar as informações gerenciais.
Outras empresas se voltam quase
que exclusivamente para informações de caixa, criando um sistema independente,
em que prevalecem critérios distintos dos estabelecidos pela legislação fiscal.
O chamado “reprocessamento” dos
dados para gerar informações ao Fisco, aos proprietários e administradores, às
instituições financeiras, representa alto custo para as empresas. Reduzi-lo é
um grande desafio.
Se, por um lado, o Real, com a
inflação baixa, trouxe facilidades aos empresários, aos contadores, aos
financeiros e aos administradores, por outro lado, a abertura da economia
brasileira trouxe novos concorrentes, exigindo das empresas competência maior.
Além do aumento da concorrência, as altas taxas de juros têm penalizado
empresas e pessoas físicas que precisam recorrer a empréstimos e
financiamentos. A manutenção das altas taxas de juros levou associações como a
FEBRABAN (Federação Nacional dos Bancos) a recomendar à população que não se
endividasse com as taxas de juros então vigentes. Embora sensata, a
recomendação foi seguida por poucos. Afinal, após muitos anos, estávamos diante
de uma situação nova. Haviam caído as limitações de prazo para o crédito. O
freio ao excesso de consumo passou a ser somente a taxa de juros alta.
Gradativamente, a economia
brasileira ficou com um comportamento mais próximo das economias desenvolvidas.
Podemos aplicar aqui a maioria dos princípios financeiros utilizados lá fora.
É importante conhecer os produtos
e serviços do mercado financeiro, saber calcular a taxa efetiva de um
empréstimo ou financiamento.
Precisamos ter informações
confiáveis, de fácil entendimento, que estejam disponíveis em tempo hábil. O
feeling do empresário precisa ser completado com o que dizem os números gerados
pelos controles. Precisamos acompanhar os acontecimentos no mundo e
principalmente no Brasil, avaliando sua influência no segmento no qual está
inserida a empresa e transformar essa visão em planejamento dos negócios e
financeiros. Já podemos elaborar orçamentos de caixa para, pelo menos, três
meses. Isto custa pouco e traz bons benefícios, por permitir visualizar com
antecedência as necessidades financeiras.
Há muitas empresas obtendo ganhos
significativos de produtividade, mas perdendo todo esse ganho ao tomar dinheiro
emprestado, a curto prazo, a taxas de 40,0 a 50,0% ao ano. Os “ralos
financeiros” precisam ser fechados para que o empresário volte a ganhar
dinheiro com seu negocio.
Vivemos uma nova realidade, na
qual há espaço para o planejamento e controle dos negócios.
2.3 AS DIFERENÇAS ENTRE REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA
Regime de Competência
- Reconhece a receita quando
ocorre a venda, com entrega da mercadoria ou prestação do serviço.
- Reconhece despesa quando
incorrida, independente de ter sido paga ou não.
Regime de Caixa
- São as datas de recebimentos e
pagamentos que determinam os registros.
Se uma concessionária de veículos
vende um automóvel por R$ 25.000,00, o regime de competência reconhece, hoje, a
receita de R$ 25.000,00, embora o cliente tenha dado de entrada um carro usado
avaliado em R$ 7.000,00 mais R$ 8.000,00 em dinheiro e o restante a ser pago em
quatro prestações mensais de R$ 2.500,00:
· Regime de competência – receita
de R$ 25.000,00;
· Regime de caixa - receita
de R$ 8.000,00.
No lado das despesas, essas
diferenças entre caixa e competência também ocorrem. Por exemplo, o 13º salário
é pago, geralmente, em novembro e dezembro de cada ano, mas as despesas são
reconhecidas (1/12) a cada mês. Portanto, os números de caixa podem ser, e
geralmente são, diferentes dos números de competência.
Fonte: http://www.coladaweb.com/contabilidade/fluxo-de-caixa
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